Criminalidade em Caraíva Assusta Turistas e Moradores: ‘Tem Gente Querendo Desistir de Lá’

A morte do guia turístico Victor Cerqueira Santos Santana, ocorrida durante uma operação policial na comunidade de Caraíva, em Porto Seguro, no último sábado (10), gerou indignação entre moradores e turistas, além de protestos nas ruas da região. O caso reacendeu o debate sobre o aumento da criminalidade no local, que nos últimos anos tem se tornado alvo de disputas territoriais entre facções criminosas e ações violentas de forças policiais.

A situação reflete um aumento preocupante da violência na comunidade, o que tem afetado diretamente a imagem de Caraíva, tradicional destino turístico localizado no sul da Bahia, famoso por suas belezas naturais e pelo turismo de ecoturismo. Os relatos de moradores locais apontam que a região vive uma crescente pressão devido à chegada de facções criminosas e ao aumento da presença policial com métodos questionáveis.

O impacto disso na comunidade de Caraíva, especialmente na vila tradicional e nas aldeias Pataxó, como a aldeia Xandó, vai além do simples aumento da criminalidade. Há quem acredite que as mudanças no perfil urbano da região, como a instalação de energia elétrica na aldeia e a chegada de novos moradores vindos de outras partes do país, contribuíram para a instalação de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas. Segundo um morador da vila tradicional, a expansão desordenada do território e a falta de fiscalização facilitaram a formação de um polo de tráfico, aumentando ainda mais a violência e as disputas territoriais entre facções.

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Outra moradora local acredita que a crescente presença do turismo de massa contribuiu para a tensão na região. Para ela, a urbanização forçada e a entrada da elite na região geraram uma segregação, transformando Xandó em uma área periférica com altas taxas de criminalidade. A mistura do turismo com a violência gerou um ciclo de degradação social, afetando tanto moradores quanto os visitantes, e deixando a região cada vez mais vulnerável.

A situação ganhou mais gravidade após o trágico episódio de sábado, quando o guia Victor Cerqueira foi morto durante a operação policial que visava o traficante “Alongado”. Após o confronto, traficantes impuseram um toque de recolher na região, causando um clima de medo e revolta entre os moradores. Segundo relatos, os comerciantes e moradores tradicionais têm medo de se manifestar devido a possíveis retaliações dos traficantes, que dominam a área. Muitos moradores estão até mesmo considerando abandonar a região devido à crescente violência.

Além do tráfico, a atuação policial também é alvo de críticas, com a comunidade relatando que as abordagens violentas, como a que levou à morte de Victor, são recorrentes, especialmente nas áreas mais periféricas de Caraíva. Moradores comentam que, embora o policiamento tenha sido intensificado com a criação de um posto fixo de seis policiais em 2022, a presença policial na região é esporádica, o que tem agravado a sensação de insegurança.

Com a violência em ascensão e o turismo sendo impactado, há uma preocupação crescente sobre os efeitos dessa situação na economia local. A ameaça de uma diminuição no número de turistas devido à violência pode afetar diretamente os comerciantes, canoeiros e outros profissionais que dependem da chegada de visitantes para sua sobrevivência. De acordo com os moradores, há relatos de que alguns turistas estão deixando de visitar a região e que casas tradicionais estão sendo desocupadas, o que demonstra o receio de novos incidentes violentos.

A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, mas não obteve resposta sobre as estratégias para combater a criminalidade e o impacto no turismo. A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur) também foi contatada, prometendo um retorno sobre os prejuízos ao turismo causados pelos recentes episódios de violência, mas até o fechamento da matéria, não havia fornecido uma estimativa.

A morte de Victor Cerqueira e os protestos que se seguiram são apenas o reflexo de uma realidade mais ampla e complexa, onde a luta por um equilíbrio entre a preservação da cultura local e o desenvolvimento urbano continua a desafiar os moradores e turistas de Caraíva. A comunidade agora se encontra à beira de um abismo, onde a segurança e o turismo convivem com as tensões geradas pela violência e pela falta de uma resposta adequada por parte das autoridades.

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