O Nubank, conhecido por sua atuação digital e popularidade entre os brasileiros, vem sendo alvo de reclamações crescentes nas redes sociais e plataformas de defesa do consumidor. O motivo? O cancelamento inesperado de contas bancárias, sem explicações claras, deixando clientes com valores bloqueados e sem acesso imediato ao próprio dinheiro.
Entre os relatos, está o de Leandro Jesus França, morador da Bahia, que afirma estar com mais de R$ 10 mil retidos em sua conta desde a semana passada. Ele conta que o valor é parte de um acordo trabalhista que venceu após ser demitido no ano passado. O dinheiro foi enviado via Pix, mas, 20 minutos após o recebimento, a conta foi bloqueada e logo depois encerrada, segundo ele, sem nenhuma justificativa clara por parte do banco digital.

“Mandaram um e-mail dizendo que a conta foi cancelada e que eu deveria aguardar três dias. Esperei, e ninguém me deu resposta. Entrei em contato com a ouvidoria e até registrei queixa no Banco Central, mas meu dinheiro continua preso”, desabafa Leandro.
A situação dele não é isolada. Centenas de usuários têm se manifestado com indignação em redes sociais, fóruns e sites de reclamação, como mostra um levantamento feito com base nos relatos públicos. Muitos deles afirmam que a conta foi encerrada sem qualquer tipo de aviso prévio ou explicação detalhada.
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“Cancelaram minha conta do nada! Tenho problema de saúde, dependo do dinheiro para comprar remédio e está tudo preso lá”, escreveu uma cliente em um dos relatos públicos.
“Estou sem acesso à minha conta e sem suporte do banco. Isso é um absurdo!”, reclamou outro usuário.
O que diz o Nubank
Em seu site oficial, o Nubank informa que, conforme previsto em contrato, pode encerrar contas de forma unilateral. Os motivos listados vão desde suspeitas de fraudes, uso inadequado da conta, inatividade por mais de 12 meses, informações cadastrais incorretas ou falsas, até situações em que o cliente use “palavras ofensivas no contato com a empresa”.
Segundo os termos, não é obrigação do banco informar o motivo do encerramento, desde que haja um aviso com cinco dias de antecedência. Após o bloqueio, a devolução dos valores ao cliente pode ser feita, desde que ele informe seus dados bancários, mas não há prazo determinado para que isso ocorra.
Em nota enviada à imprensa, o Nubank se limitou a dizer:
“Para preservar o sigilo bancário, não comentamos casos específicos, mas entramos em contato direto com o cliente para prestar os esclarecimentos necessários”.
O que fazer se isso acontecer com você?
Se sua conta foi encerrada e valores foram bloqueados, é importante seguir alguns passos para tentar resolver a situação:
- Entre em contato com o suporte oficial do Nubank, preferencialmente por escrito (e-mail ou chat no aplicativo), explicando o ocorrido e solicitando orientações.
- Registre uma queixa na Ouvidoria do Nubank, se o primeiro atendimento não for satisfatório.
- Caso não haja retorno em tempo hábil, abra uma reclamação no Banco Central (www.bcb.gov.br) e no site Reclame Aqui.
- Se ainda assim o problema persistir, procure o Procon da sua cidade ou entre com uma ação judicial no Juizado Especial Cível, principalmente se o bloqueio causar danos financeiros ou emocionais.
Falta de transparência preocupa
Especialistas em direito do consumidor alertam para os riscos da falta de transparência nos contratos bancários, especialmente em instituições digitais. Apesar de estar amparado legalmente, o cancelamento unilateral sem justificativa clara pode gerar processos judiciais, especialmente quando o cliente sofre prejuízos diretos e imediatos.
“A empresa pode até ter respaldo contratual, mas isso não elimina o dever de respeito ao consumidor. O banco precisa apresentar um canal efetivo de comunicação e solução, sobretudo em casos que envolvem bloqueio de valores essenciais para a vida do cliente”, afirma o advogado especialista em direito bancário Carlos Eduardo Leal.
Enquanto isso, Leandro e outros tantos brasileiros seguem aguardando uma resposta do banco e, principalmente, o reembolso de seus próprios recursos. A história expõe um dilema cada vez mais presente no universo digital: como equilibrar segurança bancária e respeito ao consumidor em meio à automatização dos serviços financeiros.
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