A revelação de que a camisa número 2 da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2026 será predominantemente vermelha causou grande repercussão e levantou um debate importante: essa mudança está de acordo com o que determina o estatuto da CBF? A resposta surpreende — e mostra que a polêmica vai além da estética.
O que está previsto no estatuto da CBF?
O Estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) trata com clareza dos símbolos que representam a entidade e, por consequência, a seleção brasileira. No Capítulo 3, que trata de símbolos oficiais como bandeira, escudo e uniformes, o artigo 13, inciso 3 determina as cores permitidas nos uniformes da seleção: verde, amarelo, azul e branco — exatamente as cores da bandeira do Brasil.
O vermelho, portanto, não está incluído entre essas cores. Para que essa camisa vermelha possa ser usada oficialmente em jogos, a CBF teria que alterar o seu próprio estatuto, o que exige um processo burocrático e pode gerar resistência, tanto interna quanto entre torcedores e especialistas.
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Existe alguma exceção?
Sim. O estatuto abre uma exceção para o uso de outras cores, mas com uma condição clara: essas cores só podem ser utilizadas em edições comemorativas. Um exemplo recente foi a camisa preta usada em março de 2024 durante um amistoso contra a Espanha, num ato simbólico contra o racismo. Nesses casos, a alteração pontual na cor do uniforme é vista como uma ação simbólica e não como mudança permanente ou oficial.
Qual a importância dessa possível mudança?
A adoção de um uniforme vermelho vai além do visual. Ela desafia diretamente uma tradição histórica e um regulamento formal. A camisa número 2 da seleção brasileira sempre foi azul, cor que remete a momentos históricos, como a final da Copa de 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro título mundial. Trocar essa cor por outra tão marcante e politicamente carregada como o vermelho levanta questionamentos sobre identidade nacional, marketing esportivo e até mesmo a governança dentro do futebol.

Um uniforme com a marca de Michael Jordan
Outro detalhe que chamou atenção é que, apesar de ainda ser produzida pela Nike, a nova camisa será assinada pelo selo Jordan Brand, uma subsidiária da empresa ligada ao ex-jogador de basquete Michael Jordan. Em vez da tradicional logomarca da Nike (o “swoosh”), a camisa trará a silhueta do lendário atleta da NBA — como acontece com alguns uniformes do Paris Saint-Germain, na França.
Essa mudança adiciona uma camada de exclusividade e marketing ao uniforme, posicionando a peça como um item diferenciado, com potencial de apelo entre os mais jovens e no mercado internacional.
Lançamento e contexto da Copa
A previsão é que a camisa vermelha seja lançada oficialmente em março de 2026, três meses antes do início da Copa do Mundo, que será sediada nos Estados Unidos, Canadá e México. A expectativa é grande, mas também há dúvidas se até lá a CBF terá realizado a modificação necessária em seu estatuto para legitimar o uso da nova cor.
Conclusão
A possível introdução da camisa vermelha na seleção brasileira representa mais do que uma escolha de design: trata-se de uma mudança institucional que exige respaldo legal e precisa considerar o simbolismo por trás das cores que vestem o Brasil há décadas. Ao mesmo tempo, é uma estratégia de reposicionamento de imagem e marca, que pode render frutos comerciais, mas que esbarra em um dilema cultural e jurídico que ainda precisa ser resolvido.
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