O governo federal confirmou o início de uma nova etapa de fiscalização do Bolsa Família 2025. A partir deste ano, beneficiários que vivem sozinhos e têm renda de até R$ 218 mensais serão obrigados a passar por entrevistas domiciliares conduzidas por assistentes sociais.
A medida, anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), integra um conjunto de ações voltadas ao combate a fraudes e à garantia de que o benefício chegue a quem realmente precisa.
De acordo com o MDS, o objetivo é verificar as informações declaradas no Cadastro Único (CadÚnico), principalmente nos casos de famílias unipessoais, ou seja, formadas por apenas uma pessoa. Auditorias recentes identificaram inconsistências em milhares de registros, o que motivou a adoção dessa etapa extra de verificação.
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Por que o governo decidiu implementar a entrevista domiciliar
Entre 2020 e 2023, o número de cadastros de pessoas vivendo sozinhas cresceu de forma significativa — um aumento que levantou dúvidas sobre a veracidade de parte das informações. Muitos desses registros apresentaram sinais de vínculos familiares não declarados ou compartilhamento de residência, o que contraria as regras do programa.
Diante desse cenário, o governo intensificou a fiscalização. Em 2024, o MDS conduziu um pente-fino nacional, que resultou na exclusão de mais de 1,7 milhão de cadastros com suspeitas de irregularidade.
Agora, a entrevista domiciliar se torna obrigatória para todos os beneficiários unipessoais, funcionando como uma etapa permanente de checagem.
Como funciona a entrevista domiciliar
A entrevista é realizada por assistentes sociais ou agentes do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), devidamente identificados. O processo consiste em uma visita à residência do beneficiário para confirmar se as informações prestadas no CadÚnico são verdadeiras.
Durante a visita, o profissional observa e registra dados como:
- Condições de moradia e quantidade de cômodos;
- Existência de móveis e eletrodomésticos básicos;
- Presença de outras pessoas no imóvel;
- Situação econômica e fontes de renda;
- Documentação e comprovantes de despesas.
O técnico preenche um formulário digital padronizado, que é enviado diretamente ao sistema do MDS. Em alguns casos, são tiradas fotos da residência como forma de registro.
Segundo o ministério, o objetivo não é punir, mas garantir a justiça social e a correta destinação dos recursos públicos.
Quem será convocado
A convocação para a entrevista domiciliar atinge:
- Pessoas cadastradas como famílias unipessoais;
- Beneficiários com renda mensal de até R$ 218 por pessoa;
- Cadastros com informações incompletas ou inconsistentes no CadÚnico.
Os convocados são notificados por meio do aplicativo Caixa Tem, do extrato de pagamento ou de comunicados oficiais do CRAS.
Quem não comparecer à entrevista ou negar a visita do agente social poderá ter o benefício bloqueado temporariamente até que a situação seja regularizada.
O que acontece se o beneficiário não for encontrado
Quando o agente não localiza o beneficiário no endereço informado, a visita é reagendada. Caso a ausência se repita, o cadastro é classificado como pendente, e o pagamento é suspenso até que a verificação seja concluída.
O beneficiário pode regularizar a situação comparecendo pessoalmente ao CRAS do município e solicitando nova visita.
Documentos necessários para a visita
Para agilizar o processo e evitar pendências, o beneficiário deve ter em mãos:
- Documento de identificação com foto (RG ou CNH);
- CPF;
- Comprovante de residência atualizado;
- Comprovante de renda, se houver (holerite, extrato bancário ou recibos de trabalho informal).
Esses documentos são usados para validar as informações e atualizar o CadÚnico.
Relação com o Cadastro Único
A entrevista domiciliar está diretamente vinculada à manutenção do Cadastro Único (CadÚnico), base oficial que reúne informações de famílias de baixa renda no Brasil.
O cadastro deve ser atualizado a cada dois anos, ou sempre que houver mudanças na composição familiar, renda ou endereço.
Manter os dados em dia é essencial não apenas para continuar recebendo o Bolsa Família, mas também para ter acesso a outros programas, como:
- Auxílio Gás;
- Tarifa Social de Energia Elétrica;
- Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Combate a fraudes e uso de tecnologia
Desde 2023, o governo vem aprimorando o monitoramento do Bolsa Família com o cruzamento de dados de CPF, eSocial e INSS. Esse processo permite identificar, de forma automatizada, cadastros duplicados, omissão de renda e vínculos empregatícios irregulares.
De acordo com o MDS, o pente-fino já corrigiu mais de R$ 10 bilhões em pagamentos indevidos, reforçando o compromisso do programa com a transparência e eficiência.
A entrevista domiciliar, portanto, é mais uma etapa para garantir credibilidade e precisão na seleção dos beneficiários.
Direitos e deveres durante a visita
Os agentes do CRAS são obrigados a seguir protocolos de respeito e sigilo. Eles não podem solicitar dinheiro, senhas ou informações bancárias.
O beneficiário tem o direito de verificar a identificação oficial do entrevistador junto à prefeitura antes de permitir a entrada em casa.
Essa medida garante segurança e privacidade ao cidadão, evitando golpes e falsas visitas.
Consequências do não cumprimento
Quem for convocado e não participar da entrevista pode ter o benefício bloqueado ou suspenso.
Se for identificada fraude intencional, o caso pode ser encaminhado à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Ministério Público Federal (MPF).
Por outro lado, quem regularizar o cadastro dentro do prazo tem o pagamento restabelecido retroativamente, sem prejuízo financeiro.
Impacto social e importância da medida
Embora a medida tenha caráter fiscalizador, o governo ressalta que ela também cumpre função social.
Durante as visitas, agentes frequentemente identificam situações de vulnerabilidade extrema, como abandono, insegurança alimentar ou falta de acesso a serviços públicos.
Nesses casos, o CRAS realiza encaminhamentos para programas complementares, como:
- Distribuição de cestas de alimentos emergenciais;
- Apoio psicológico e social;
- Cursos de qualificação profissional e inclusão em projetos de geração de renda.
A entrevista domiciliar, portanto, vai além do controle: ela atua como ponte entre o cidadão e a rede de assistência social.
Famílias unipessoais: novas regras e obrigações
As famílias compostas por apenas uma pessoa continuarão elegíveis ao Bolsa Família, desde que:
- Mantenham renda de até R$ 218 mensais;
- Sejam encontradas no endereço informado;
- Participem da entrevista domiciliar obrigatória;
- Não compartilhem moradia com outros beneficiários.
Quando for constatado vínculo com outra família cadastrada, o sistema unifica os registros, permitindo que apenas um dos membros permaneça recebendo o benefício.
Transparência e fortalecimento do Bolsa Família
A introdução da entrevista domiciliar marca uma nova etapa de modernização e transparência do Bolsa Família.
Com ela, o programa busca equilibrar rigor e justiça social, garantindo que os recursos cheguem às famílias verdadeiramente necessitadas.
Mais do que uma medida de controle, trata-se de uma ação de cidadania, que reforça o compromisso do Estado com o uso ético dos recursos públicos e com o fortalecimento da rede de proteção social no Brasil.
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