Baleia-jubarte é encontrada morta na Ilha de Boipeba; início da temporada de avistamento destaca importância da preservação marinha
Uma baleia-jubarte foi encontrada morta na Praia das Amendoeiras, na região de Ponta dos Castelhanos, em Boipeba — distrito turístico de Cairu, no Baixo Sul da Bahia. O caso foi registrado na quinta-feira (17) e chama atenção por ocorrer justamente no início da temporada anual de avistamento desses animais na costa baiana.
De acordo com a Prefeitura de Cairu, a baleia já chegou sem vida à praia e apresentava sinais avançados de decomposição. Assim que o caso foi identificado, as autoridades locais acionaram o Projeto Baleia Jubarte e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que orientaram os procedimentos técnicos a serem adotados.
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Para evitar riscos ambientais e à saúde pública, o corpo será enterrado em uma área isolada da faixa de areia, conforme os protocolos definidos pelos órgãos ambientais. A equipe do Projeto Baleia Jubarte também será responsável por identificar a espécie com mais precisão e recolher informações para suas pesquisas de longo prazo.
Temporada de avistamentos: uma janela para educação e turismo
O episódio lamentável acontece justamente no início da temporada 2025 de avistamento de baleias-jubarte, iniciada no dia 16 de julho. Entre julho e novembro, milhares de baleias deixam as águas frias da Antártica e migram para o litoral brasileiro em busca de águas quentes para acasalar, parir e amamentar seus filhotes.
Espetáculos naturais protagonizados por esses gigantes marinhos já começaram a ser registrados em pontos como a Baía de Todos-os-Santos, o Rio Vermelho e a travessia marítima entre Salvador e Morro de São Paulo. Em 2024, o Projeto Baleia Jubarte contabilizou mais de mil avistagens apenas no ponto fixo do Museu Náutico da Bahia, no Farol da Barra.
Além do encantamento visual, a temporada também movimenta o turismo ecológico, principalmente com o apoio de empresas autorizadas para o turismo de observação. As embarcações que atuam nessa atividade devem seguir normas rigorosas, como manter uma distância mínima de 100 metros dos animais para garantir sua segurança e bem-estar.
População das jubartes cresce e reforça papel da ciência
O crescimento populacional da espécie também é um dos marcos da atual temporada. Estima-se que, em 2025, o número de baleias-jubarte no litoral brasileiro chegue a cerca de 35 mil indivíduos — um aumento impressionante em relação às cerca de mil baleias registradas nos anos 1970, quando a caça ainda era permitida.
A recuperação da espécie é atribuída a décadas de trabalho científico, campanhas educativas e políticas de conservação, como a proibição da caça e o monitoramento contínuo das rotas migratórias. A Bahia, especialmente, tornou-se referência nacional nesse esforço, com base em projetos como o Baleia Jubarte, que atua na pesquisa e na educação ambiental há mais de 30 anos.
Educação ambiental acessível
Os visitantes interessados em aprender mais sobre as jubartes podem visitar o Museu Náutico da Bahia, onde o Projeto Baleia Jubarte mantém um ponto fixo com painéis informativos e atividades educativas. A visita é uma oportunidade de entender a relação entre ciência, turismo sustentável e preservação marinha.
Enquanto a morte do animal em Boipeba gera comoção, ela também reforça a importância de se discutir os desafios enfrentados pelos cetáceos em um ambiente cada vez mais impactado pela ação humana. Casos como esse alertam para a necessidade de fiscalização, pesquisa e conscientização permanente da sociedade sobre a vida marinha.
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