O que era para ser apenas um passeio de bicicleta se transformou em um drama que durou três anos. Em 27 de junho de 2022, Marisvaldo dos Santos Silva, de 32 anos, saiu da casa do irmão, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, para pedalar — e nunca mais voltou. Desde então, sua família viveu um longo período de incertezas, buscas frustradas e sofrimento. Agora, em um desfecho surpreendente, Marisvaldo foi localizado na Costa Rica, na América Central, a mais de 5.600 km de onde desapareceu.
A notícia foi compartilhada pela mãe do rapaz, Maria dos Santos, durante entrevista à TV Bahia. Emocionada, ela contou que não mediu esforços para encontrar o filho. “Eu fui no DHPP, fiz ofício do DNA, fui na televisão, procurei de todas as formas, mas sem sucesso”, relatou.
Uma trajetória marcada pela luta contra a esquizofrenia
Marisvaldo tem diagnóstico de esquizofrenia e já havia desaparecido anteriormente. Em 2020, ele sumiu por três dias e foi encontrado no Espírito Santo. Na época, a família já lidava com a dificuldade de convencê-lo a seguir corretamente o tratamento com medicação. Essa recusa pode ter contribuído para o novo episódio de fuga.
Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: Quero Participar
Sem dinheiro, documentos ou plano definido, ele simplesmente partiu — e ninguém sabe, até agora, como conseguiu atravessar países, fronteiras e línguas até chegar à Costa Rica, pedalando. Mas a mãe acredita que ele contou com a solidariedade de desconhecidos no caminho. “Eu tenho certeza de que no meio desse mundo, o povo ajudou ele. Tem pessoas muito boas por aí, eu sei que ajudaram”, disse, esperançosa.
Retorno ao Brasil e reencontro à vista
A confirmação de que Marisvaldo está vivo veio por meio de um telefonema oficial: ele será deportado pelas autoridades da Costa Rica e deve chegar ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, neste fim de semana. O irmão já se organiza para viajar e reencontrá-lo, mas a família precisa de ajuda financeira para comprar as passagens e garantir o retorno até a Bahia.
Maria dos Santos, que passou anos convivendo com o silêncio e a dúvida, agora se enche de gratidão e expectativa. “Só de saber que ele está vivo e vai voltar, eu estou feliz. O resto a gente dá um jeito”, afirmou.
Uma história que revela mais do que saudade
O caso de Marisvaldo levanta questões importantes sobre saúde mental, acolhimento e acesso ao tratamento adequado. Também é um exemplo de como a empatia de pessoas desconhecidas pode ser decisiva para a sobrevivência de alguém em situação de vulnerabilidade.
Enquanto a família aguarda ansiosamente o reencontro, a história continua a sensibilizar quem acompanha o caso — e reforça um lembrete simples, mas poderoso: por mais longa que seja a distância, esperança e amor são capazes de atravessar qualquer fronteira.
Compartilhe