Arlindo Cruz morre oito anos após AVC que o afastou dos palcos

O Brasil amanheceu mais triste nesta sexta-feira (8) com a notícia da morte de Arlindo Cruz, aos 66 anos. O sambista partiu oito anos após sofrer um AVC hemorrágico que o afastou dos palcos e mudou o rumo de sua vida. Cantor, compositor e instrumentista, Arlindo é lembrado como um dos maiores nomes da história do samba.

Nascido no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho cresceu embalado por rodas de samba e aprendizados musicais em família. Foi seu pai, Arlindão — também músico — quem colocou o primeiro cavaquinho em suas mãos, despertando a paixão que guiaria toda a sua trajetória.

Nos anos 1980, Arlindo ganhou projeção nacional ao integrar o Fundo de Quintal, grupo que revolucionou o samba com novas batidas e arranjos. Mais tarde, brilhou em carreira solo, eternizando canções que se tornaram hinos, como O Show Tem Que Continuar, Meu Lugar, O Que É o Amor, Candura e Ainda É Tempo Pra Ser Feliz.

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Um repertório que atravessa gerações

Ao longo de décadas de carreira, Arlindo deixou mais de 700 composições gravadas e cerca de 3 mil participações como músico. Ele cantou e tocou ao lado de gigantes como Zeca Pagodinho, Maria Rita, Beth Carvalho, Alcione e Jorge Aragão.

Sua ligação com o Carnaval era profunda: marcou presença nas escolas Império Serrano e X-9 Paulistana, levando sua música para a avenida com emoção e criatividade. Fora dos palcos, também conquistou espaço na televisão, especialmente no programa Esquenta, da TV Globo, onde mostrou seu carisma e bom humor para todo o país.

A luta após o AVC

No dia 17 de março de 2017, enquanto se preparava para uma turnê, Arlindo sofreu o AVC que o deixou debilitado. Passou um ano e três meses internado e, desde junho de 2018, vivia em casa, cercado pelo cuidado da família e de uma equipe médica dedicada.

Foram cinco cirurgias na cabeça, pequenas melhoras nos primeiros anos e, depois, um agravamento do quadro neurológico. Em entrevista, sua esposa Babi Cruz chegou a descrever que ele vivia “em seu próprio universo, distante”, sem conseguir interagir como antes.

Essas memórias e reflexões foram registradas na biografia “O Sambista Perfeito”, lançada em julho de 2025 pela Editora Malê e escrita pelo produtor cultural Marcos Salles. O livro reúne mais de 120 depoimentos de amigos, artistas e familiares, como Maria Bethânia, Regina Casé, Zeca Pagodinho, Maria Rita e Marcelo D2, além de resgatar momentos marcantes da vida do sambista — da infância humilde à passagem pela Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) e à convivência com o pai, que foi preso durante a ditadura militar.

Mais que um artista, um símbolo de superação

Mesmo recluso, Arlindo Cruz continuou sendo reverenciado como um ícone de generosidade, ancestralidade e força. Sua trajetória é uma prova viva de superação: “Arlindo Cruz é um negro e gordo, que foi pobre e venceu”, diz um trecho da biografia. “Foi compositor, cantor, músico, pai, marido e uma alma cheia de música.”

Ele deixa a esposa Babi, os filhos Arlindinho e Flora, e uma legião de fãs que vão manter sua obra viva em rodas de samba, desfiles de Carnaval e playlists mundo afora.

Informações sobre o velório e sepultamento ainda não foram divulgadas pela família.

 

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