O resgate da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, mobilizou equipes especializadas em condições extremas e revelou a dura realidade enfrentada por socorristas e voluntários. Um dos alpinistas envolvidos na operação compartilhou nas redes sociais um relato sincero sobre os desafios da missão, pedindo empatia e colaboração do público.
O desabafo foi feito antes da confirmação da morte de Juliana, que estava desaparecida há quatro dias após se separar do grupo durante a escalada. Segundo os relatos, ela caiu em uma área remota e de acesso extremamente difícil, o que dificultou os trabalhos de resgate desde o início.
“Ela caiu muito fundo em um desfiladeiro com rochas soltas”
Em uma publicação feita nas redes sociais, o alpinista — que atuou como voluntário na missão — detalhou o cenário que encontrou no local do acidente. Segundo ele, Juliana estava em um desfiladeiro profundo, cercado por pedras soltas e terreno instável.
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“Ela caiu muito fundo em um desfiladeiro com rochas soltas. Estamos arriscando nossas vidas aqui, então precisamos ter muito cuidado. A equipe está esperando o sol nascer e vai descansar um pouco”, disse ele, visivelmente esgotado pela longa jornada e pelas condições hostis da montanha.
A declaração revela o nível de risco a que os resgatistas foram expostos: clima instável, terreno perigoso e noites mal dormidas em meio a uma paisagem montanhosa marcada por declives abruptos.
Comunicação comprometida e pedidos de respeito
Além do esforço físico e emocional, o alpinista destacou um problema inesperado: o excesso de mensagens recebidas por aplicativos de comunicação. Segundo ele, os inúmeros contatos de internautas preocupados estavam comprometendo o sinal e dificultando o andamento das operações.
“Entendemos a angústia das pessoas, mas é preciso colaborar. Estamos trabalhando em uma área com pouca conexão, e cada mensagem desnecessária pode atrapalhar. O que mais precisamos agora é de orações e silêncio”, pediu o voluntário.
Quatro dias de buscas e um desfecho trágico
A operação de busca por Juliana durou quatro dias e envolveu dezenas de profissionais, incluindo alpinistas experientes, socorristas e agentes da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia. O corpo da brasileira foi localizado a cerca de 600 metros abaixo da trilha principal e começou a ser retirado nesta quarta-feira (25), em uma operação que exigiu o uso de cordas, macas e acampamentos em pontos intermediários da montanha. Veja o vídeo do corpo sendo trazido:
Juliana era natural de Niterói (RJ) e viajava sozinha em um mochilão pela Ásia desde fevereiro. Tinha passado por países como Vietnã, Filipinas e Tailândia antes de chegar à Indonésia. No dia do acidente, ela teria se sentido exausta durante a subida e foi orientada pelo guia a esperar enquanto o restante do grupo avançava — um momento em que ficou vulnerável e sem auxílio imediato.
A tragédia não apenas expôs os riscos de trilhas em locais remotos como também ressaltou o empenho silencioso de pessoas anônimas que, voluntariamente, se dispõem a enfrentar situações extremas para salvar vidas — mesmo quando o desfecho não é o esperado.
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