O bairro Rio Sena, em Salvador, tem sido palco de tensão constante entre duas facções criminosas: o Comando Vermelho (CV) e o Bonde do Maluco (BDM). Essa rivalidade, que tem como pano de fundo a disputa por rotas e pontos estratégicos de escoamento de drogas, armas e fuga de criminosos, resultou em mortes, tiroteios e movimentações que exigem ações constantes da polícia para conter um possível conflito de maiores proporções.
Na noite do último sábado (24), dois homicídios foram registrados. As vítimas, Rafael de Souza Silva, de 30 anos, e Deivide dos Santos Barrozo, de 19, foram baleadas em situações distintas, mas ambas relacionadas ao contexto de violência territorial. Rafael foi atingido enquanto passava por uma rua controlada por rivais. “Estava boiando na rua”, como disse uma fonte policial, indicando que ele provavelmente foi confundido ou simplesmente estava no lugar errado, na hora errada. Já Deivide foi morto na Avenida Norma, área ligada ao BDM, após fazer publicações nas redes sociais em que aparecia fazendo referência à facção criminosa.
Apesar das mortes, a madrugada de domingo (25) mostrou que os criminosos ainda estavam em movimento. Segundo a polícia, houve tentativas de invasão a territórios rivais — ações que só não evoluíram graças à atuação preventiva das forças de segurança na região.
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Por que Rio Sena virou foco de disputa entre facções?
A explicação está na posição estratégica do bairro. De acordo com uma fonte da polícia que atua diretamente na área, Rio Sena dá acesso a uma área de mata que facilita a movimentação e a fuga de criminosos, além de ser um ponto usado para esconder drogas e armas. Essa mata integra a Reserva do Cobre, onde está localizada uma barragem, e tem ligação direta com a Estrada do Derba (BA-528) — uma via considerada essencial para o crime organizado por servir de rota de escoamento e acesso rápido a outras partes da cidade.
Além disso, a facção que controla parte dessa área é o Comando Vermelho, que tem como uma de suas lideranças um traficante conhecido como Thuck. Uma das maiores baixas recentes da facção foi a morte de Adailson França Barros, o Sonic, que era considerado gerente do tráfico na região e foi morto em uma operação policial.
Apesar das investidas do BDM, o CV ainda mantém o domínio do perímetro de mata ligado ao Parque São Bartolomeu, outro ponto-chave na logística do tráfico local.
Conflito constante e risco para a população
As ruas onde aconteceram os assassinatos, como a Rua Diógenes Ribas e a Avenida Norma, estão a menos de 800 metros uma da outra e fazem parte da mesma malha urbana. Essa proximidade facilita os ataques entre grupos rivais e aumenta a insegurança de quem vive na região.
A polícia tem intensificado as operações e o patrulhamento no bairro para impedir a escalada da violência. A presença ostensiva das forças de segurança tem sido fundamental para evitar uma guerra aberta entre as facções, mas o clima de tensão permanece.
A população, por sua vez, convive com o medo e a sensação de estar em um território em disputa constante, onde qualquer movimento pode ser interpretado como ameaça ou envolvimento com um dos lados.
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