Durante a sessão da CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets) nesta terça-feira (13/5), um momento inusitado e controverso chamou a atenção: o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) aproveitou a presença da influenciadora e empresária Virgínia Fonseca para elogiar sua linha de suplementos e pedir que ela repense suas parcerias com casas de apostas.
“Eu queria falar para você, se tocar seu coração… como cristão… você não precisa mais disso. Acaba com isso, não faz mais esse tipo de propaganda. Divulga seus pré-treinos. Inclusive tomei seu pré-treino hoje. Maravilhoso”, declarou o parlamentar, em tom de apelo emocional.
Mais que depoimento: tietagem e apelo pessoal
O senador também não escondeu a admiração pela influenciadora e pediu que ela gravasse um vídeo para sua esposa e filha. O gesto, visto por alguns como um momento de descontração, foi criticado por outros por desviar o foco do debate.
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Apesar da abordagem leve, Cleitinho também defendeu Virgínia das acusações que rondam os influenciadores envolvidos com apostas esportivas:
“A Virginia não é criminosa, não é bandida. A política não tem moral para falar da Virgínia. Zero moral. A Virginia é fonte de riqueza e nós somos fonte de despesa”, disparou.
Debate ético e embate político
A fala do senador gerou reação imediata no plenário. A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), rebateu com firmeza o posicionamento de Cleitinho:
“Nós somos importantes, não somos pesos mortos na sociedade. Nós fomos eleitos para legislar e fiscalizar. Não estamos aqui para lacrar.”
Soraya também aproveitou o momento para criticar a crescente “influencerização” da política, em que parlamentares priorizam visibilidade digital em vez de compromisso institucional.
“Há políticos que pensam que se elegeram para ser influenciadores, não legisladores”, completou.
Contexto: o que está em jogo na CPI das Bets?
Virgínia Fonseca compareceu à CPI na condição de testemunha e, mesmo com habeas corpus que lhe garantia o direito ao silêncio, decidiu prestar esclarecimentos sobre suas publicidades envolvendo plataformas de apostas. Entre os temas abordados, esteve a prática de usar contas demo (falsas) em conteúdos patrocinados — uma tática que levanta preocupações sobre a transparência com o público.
Enquanto parte da classe política discute a responsabilização de influenciadores digitais, episódios como esse evidenciam uma tensão crescente entre o universo do entretenimento online e a formalidade das instituições públicas. A CPI se propõe a apurar se houve práticas enganosas ou ilegais por parte de celebridades na promoção de sites de apostas.
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