Um vídeo que circula nas redes sociais desde a manhã desta quarta-feira (7) escancarou uma prática preocupante que acontece em áreas sob o controle do tráfico: a imposição de “castigos” por parte de criminosos a indivíduos suspeitos de cometerem crimes. Dessa vez, um homem acusado de roubo foi obrigado a desfilar pelas ruas do Bairro da Paz, em Salvador, vestindo apenas uma peça íntima feminina — um biquíni fio dental — e carregando uma placa com os dizeres: “ladrão, vacilão”.
As imagens mostram o acusado caminhando por uma estrada de barro, com prédios do bairro de Patamares ao fundo. Durante o vídeo, é possível ouvir a voz de um suposto traficante, que ironiza a situação e reforça que o homem teria roubado um motorista de aplicativo. Um dos criminosos comenta: “Pegou o Uber onde? Dentro da favela, né?”, insinuando que a vítima do assalto seria um trabalhador da região.
A gravação segue com falas ainda mais agressivas e humilhantes. O homem, visivelmente constrangido, é ridicularizado com comentários ofensivos, incluindo sugestões de que ele poderia “se passar por garota de programa”.
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O que está por trás desse tipo de punição?
Esse caso é mais um retrato do poder paralelo que grupos armados exercem em algumas comunidades. Além da gravidade da humilhação pública, o episódio expõe a fragilidade do estado em áreas dominadas pelo tráfico, onde criminosos assumem o papel de “justiçeiros”, aplicando castigos violentos e ilegais, muitas vezes filmados para servir de exemplo e intimidar outras pessoas.
É importante destacar que, mesmo diante de uma acusação de crime, nenhum cidadão pode ser submetido a esse tipo de punição por grupos fora da lei. A Constituição garante o direito à ampla defesa, e apenas o Estado tem legitimidade para investigar, julgar e punir, dentro dos limites legais.
E a resposta das autoridades?
Até a última atualização desta reportagem, ainda não havia posicionamento oficial da Polícia Militar sobre o caso. A reportagem solicitou informações, e o espaço segue aberto para atualizações. Também não se sabe o que aconteceu com o homem após o fim do vídeo.
Esse tipo de conteúdo, embora cause indignação, deve ser encarado como um alerta para a sociedade e para os órgãos de segurança pública sobre o avanço da justiça ilegal e a necessidade urgente de ações efetivas em territórios vulneráveis.
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