O que era para ser um espaço de lazer virou motivo de preocupação e revolta entre moradores do condomínio Caminho do Rio, em Barra do Jacuípe, Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Dois acidentes graves, envolvendo mutilação de crianças, expõem um problema que já dura uma década: brinquedos sem manutenção e falta de resposta das autoridades.
O caso mais recente aconteceu no feriado da Sexta-feira Santa (18). Henzo Gabriel, de oito anos, teve parte do dedo mindinho do pé direito amputada. O menino, que é autista e esquizofrênico, enroscou o dedo em uma parte enferrujada de um brinquedo gira-gira. O resultado foi uma fratura exposta e, dias depois, a necessidade de uma amputação. Henzo segue internado após duas cirurgias.
Daniel Flávio Silva, pai do menino, contou que, no momento do acidente, o filho havia saído de bicicleta e acabou desobedecendo a orientação de não ir ao parquinho.
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“Ele sentou no brinquedo que gira e prendeu o dedinho. Só ouvi o grito da vizinha. Quando minha esposa chegou, já era tarde.”
O mais alarmante é que esse foi o oitavo acidente no mesmo brinquedo, segundo relatos de moradores. Em dezembro de 2023, Iuri de Oliveira, de cinco anos, perdeu a primeira falange do dedo indicador direito ao prender o dedo no gira-gira. A mãe dele, Ingrid Oliveira, lembra o trauma:

“Ele chorava, perguntava se o dedo ia voltar. Não queria olhar para a mão.”
Desde a entrega dos apartamentos, há cerca de 10 anos, moradores afirmam que nenhuma manutenção foi feita nos brinquedos da praça. Ferrugem, peças danificadas e falta de estrutura são visíveis. A situação já havia sido reportada à prefeitura de Camaçari, mas nada foi resolvido.
Reuniões com a síndica foram feitas para tentar remover o brinquedo após o acidente de Iuri, mas o equipamento permaneceu no local. A praça também tem escorregadores enferrujados, bancos deteriorados e pneus usados como base de plantas. Vídeos de moradores mostram ainda alagamentos na área.

O condomínio abriga mais de mil apartamentos, o que aumenta o fluxo de crianças na área. A síndica não foi localizada para comentar o caso. A prefeitura de Camaçari também foi procurada para informar se o brinquedo será removido e se haverá algum tipo de compensação para as famílias. Até o momento, não houve resposta.
O que você precisa saber
– O brinquedo gira-gira causou dois acidentes graves com amputações em menos de cinco meses;
– O equipamento está sem manutenção há cerca de 10 anos;
– Moradores já fizeram alertas e pedidos de retirada do brinquedo, mas não foram atendidos;
– O caso expõe falhas de gestão condominial e omissão do poder público;
– As famílias aguardam respostas e medidas preventivas para evitar novas tragédias.
O Coruja News segue acompanhando o caso e cobrando posicionamentos.
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