Minha Casa, Minha Vida amplia limite para R$ 500 mil: entenda o impacto da inflação no programa

Nos próximos dias, o Governo Federal deve oficializar mudanças significativas no Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A principal novidade é a criação de uma nova faixa de financiamento, destinada a famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, que poderão adquirir imóveis de até R$ 500 mil com condições especiais. Essa ampliação reflete um fator cada vez mais evidente no setor imobiliário: o impacto da inflação nos preços dos imóveis.

Quando o programa foi lançado, em 2009, os benefícios eram voltados para imóveis de até R$ 190 mil. Agora, diante da valorização do setor e da alta nos custos da construção civil, esse teto mais do que dobrou. Para especialistas, a mudança não é apenas um incentivo à classe média, mas uma tentativa de acompanhar o encarecimento da moradia no Brasil.

Inflação e poder de compra: como os valores mudaram

O aval para a ampliação do programa veio do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que aprovou a inclusão da classe média no MCMV na última terça-feira (15). A decisão considera um dado preocupante: o aumento do custo de vida reduziu o poder aquisitivo da população, tornando cada vez mais difícil o acesso à casa própria.

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Para se ter uma ideia, a inflação acumulada pelo IPCA entre março de 2009 e março de 2024 foi de 147,40%. Ou seja, R$ 1 em 2009 equivale a R$ 2,47 hoje. No mercado imobiliário, o impacto foi ainda maior.

O corretor Helder Sampaio explica que, há 15 anos, um imóvel de R$ 190 mil poderia ser encontrado em bairros como Cabula e Paralela, com 60 metros quadrados, dois quartos e elevador. Hoje, esse mesmo perfil de imóvel custa entre R$ 400 mil e R$ 600 mil.

Já os imóveis de R$ 500 mil, que antes permitiam a compra de um três quartos em bairros nobres, como Pituba, hoje já não fazem parte do padrão médio de lançamento na região. “Atualmente, um três quartos na Pituba gira em torno de R$ 1,5 milhão, enquanto um dois quartos já ultrapassa R$ 1 milhão”, aponta o especialista.

Além da inflação, outro fator que impulsionou a valorização foi a modernização dos empreendimentos. “Os imóveis ficaram mais compactos, mas também ganharam em conforto, tecnologia e áreas de lazer. Hoje, é raro ver lançamentos que não incluam piscina, academia, salão de festas e até espaço pet”, explica Helder.

Por que o governo decidiu mudar o programa?

O correspondente bancário Gabriel Tião, especialista em intermediação de financiamentos, explica que a alta nos custos da construção civil e a taxa de juros elevada tornaram os imóveis de R$ 500 mil inacessíveis para boa parte da classe média.

“O valor da mão de obra e dos materiais de construção aumentou muito nos últimos anos. Com isso, o governo precisou expandir os limites do Minha Casa, Minha Vida para garantir que as famílias com renda de até R$ 12 mil continuassem tendo acesso ao financiamento habitacional com condições especiais”, destaca Gabriel.

O que muda no Minha Casa, Minha Vida?

Com as novas regras, o programa passa a contar com quatro faixas de financiamento, cada uma com benefícios e limites específicos. Confira a nova estrutura:

Faixas de renda e benefícios

  • Faixa 1: Para famílias com renda de até R$ 2.850, com subsídio de até 95% do valor do imóvel
  • Faixa 2: Para renda de até R$ 4,7 mil, com subsídio de até R$ 55 mil e juros reduzidos
  • Faixa 3: Para renda de até R$ 8,6 mil, sem subsídios, mas com condições de financiamento diferenciadas
  • Faixa 4: Para renda de até R$ 12 mil, com taxa de juros de 10,5% ao ano e prazo de até 35 anos (420 parcelas) para financiamento de imóveis novos e usados de até R$ 500 mil

Limite de valor para aquisição de imóveis

  • Faixa 1: De R$ 190 mil a R$ 264 mil, dependendo da região do país
  • Faixa 2: De R$ 190 mil a R$ 264 mil (com opção de financiamento de até R$ 350 mil, pagando juros de 7,66% a 8,16% ao ano)
  • Faixa 3: Até R$ 350 mil em qualquer região do Brasil
  • Faixa 4: Até R$ 500 mil

Com essas mudanças, o Minha Casa, Minha Vida amplia seu alcance e tenta se adaptar às novas realidades do mercado imobiliário. Para quem planeja comprar um imóvel dentro do programa, vale ficar atento às atualizações e conferir as opções disponíveis conforme a faixa de renda.

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