Preso por um crime que nunca cometeu: Homem recebe fortuna após décadas no corredor da morte

O Japão fará um pagamento histórico de 217 milhões de ienes (aproximadamente R$ 8,25 milhões) como indenização a Iwao Hakamata, um homem de 89 anos que passou quase cinco décadas no corredor da morte por um crime que não cometeu. Seus advogados afirmam que essa é a maior compensação já concedida no país em um caso criminal.

O caso que chocou o Japão

A história de Hakamata é uma das mais marcantes do sistema judicial japonês. Ele foi condenado em 1968 pelo assassinato de seu chefe, da esposa de seu chefe e dos dois filhos. Os corpos foram encontrados em meio a um incêndio na casa da família, em Shizuoka, cidade localizada na costa sul do Japão.

Na época, as autoridades alegaram que Hakamata havia esfaqueado as vítimas, incendiado a casa e roubado 200 mil ienes em dinheiro. No entanto, ele sempre negou qualquer envolvimento no crime. Após dias de intensos interrogatórios—alguns durando mais de 12 horas seguidas—ele acabou confessando, mas mais tarde afirmou que a confissão foi forçada sob tortura e espancamentos.

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Mesmo diante da falta de provas concretas, ele foi condenado à pena de morte.

Anos de luta por justiça

Por décadas, advogados e ativistas pelos direitos humanos batalharam para reabrir o caso. A defesa sempre sustentou que havia falhas graves na investigação, incluindo indícios de que as provas teriam sido forjadas. Exames de DNA realizados posteriormente comprovaram que as amostras encontradas nas roupas das vítimas não pertenciam a Hakamata.

Mesmo assim, levaram 46 anos até que ele conseguisse um novo julgamento. Em 2014, já com 78 anos, ele foi libertado da prisão, mas permaneceu aguardando um veredicto final. Apenas em setembro do ano passado, um tribunal finalmente o absolveu de todas as acusações, encerrando um dos processos judiciais mais longos da história japonesa.

O impacto de quase 50 anos na prisão

A detenção prolongada e a espera angustiante pela execução tiveram consequências devastadoras para a saúde de Hakamata. Seu estado mental foi severamente afetado, e ele não estava apto a comparecer ao tribunal para ouvir sua absolvição. Desde sua libertação, ele vive sob os cuidados de sua irmã, Hideko Hakamata, de 91 anos, que dedicou décadas de sua vida para provar a inocência do irmão.

Seus advogados buscaram a indenização máxima permitida por lei, argumentando que ele foi o prisioneiro no corredor da morte que passou mais tempo esperando a execução em todo o mundo. O juiz responsável pelo caso, Kunii Koshi, concordou que os danos físicos e psicológicos sofridos por Hakamata foram “extremamente graves”, e ordenou que o governo japonês fizesse o pagamento.

Um alerta para o sistema de justiça japonês

O caso de Iwao Hakamata reacendeu debates sobre a pena de morte e a justiça criminal no Japão. O país tem um dos sistemas mais rígidos do mundo, onde confissões ainda são vistas como a principal prova contra um réu, mesmo quando obtidas sob pressão. Além disso, os prisioneiros no corredor da morte vivem anos sem saber quando serão executados, já que a notificação ocorre apenas algumas horas antes do cumprimento da sentença.

A absolvição e indenização de Hakamata representam um avanço para os direitos humanos, mas também expõem falhas graves no sistema. Especialistas destacam que, se não fosse a luta incansável de sua família e advogados, ele poderia ter sido executado injustamente.

Seu caso não é apenas um capítulo na história da justiça japonesa, mas um alerta global sobre os riscos de condenações baseadas em investigações falhas e confissões forçadas.

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