Iniciativas oferecem soluções para resíduos Urbanos – Caminhos sustentaveis

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Iniciativas oferecem soluções para resíduos Urbanos – Caminhos sustentaveis

Considere a semelhança entre uma escola pública em São José, Santa Catarina, e um festival de música em Brasília, ambos reconhecidos como Lixo Zero por terem reduzido mais de 90% da produção de resíduos sólidos e seus impactos ambientais.

Na escola em São José, a professora Fabiana Nogueira Mina abordou o tema dos resíduos urbanos em uma aula de Língua Portuguesa, utilizando materiais como vídeos sobre consumo e impactos ambientais. O engajamento dos estudantes ultrapassou os limites da sala de aula, resultando em ações concretas para reduzir a produção de resíduos.

Um seminário na escola foi o catalisador para um movimento transformador, engajando um número crescente de estudantes e convertendo ideias em ações concretas. Esse engajamento coletivo levou a escola a se tornar a primeira do país a adotar o conceito de Lixo Zero. A jornada foi um verdadeiro experimento educacional, onde cada desafio, pesquisa e participação ativa dos alunos gerou novas soluções inovadoras, como o “residuário”. Nesse espaço, os próprios estudantes se responsabilizavam pela organização e destinação adequada dos materiais recicláveis.

Apesar de obstáculos, como a tentativa inicial fracassada de utilizar coletores e lixeiras coloridas, a escola conseguiu desviar impressionantes 94% dos resíduos do aterro sanitário. Esse sucesso foi alcançado principalmente através da compostagem dos resíduos orgânicos e da doação de materiais recicláveis para cooperativas locais. A iniciativa não só reduziu significativamente o impacto ambiental da escola, mas também serviu como um poderoso modelo de sustentabilidade e responsabilidade social, inspirando outras instituições a seguir o mesmo caminho.

O projeto teve um impacto profundo na comunidade escolar, promovendo a conscientização ambiental e o desenvolvimento de habilidades de liderança e trabalho em equipe entre os estudantes. O envolvimento direto dos alunos em cada etapa do processo reforçou a importância da participação ativa e do compromisso com a causa ambiental, transformando a cultura da escola e deixando um legado duradouro de sustentabilidade e inovação.

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Por outro lado, os produtores de um festival em Brasília ficaram preocupados com os impactos ambientais do evento, que chegava a gerar cerca de 400 toneladas de resíduos. Decidiram, então, transformar o festival em uma iniciativa Lixo Zero, buscando deixar um legado positivo para a cidade e o meio ambiente. Essa mudança foi impulsionada pelo desejo de ressignificar a relação com o Lago Paranoá e pela vontade de usar o evento como uma plataforma para promover mudanças globais.

A partir desse ponto, o projeto adotou uma abordagem de consumo consciente e redução da pegada ambiental. Isso implicou na eliminação de itens não essenciais, na substituição de materiais convencionais por alternativas mais sustentáveis e na destinação adequada dos resíduos gerados. Assim como os estudantes da escola em São José, os organizadores do festival enfrentaram desafios ao longo do processo.

Para resolver problemas como a falta de infraestrutura para lidar com certos tipos de resíduos em Brasília, foi necessário construir um ecossistema adequado. Por exemplo, até 2017, não havia um local para reciclar vidro na cidade, e isso se tornou um desafio, considerando que os principais patrocinadores do festival eram marcas de bebida, gerando uma grande quantidade de garrafas de vidro.

A solução inicial foi enviar esses resíduos para São Paulo, onde já havia reciclagem de vidro em andamento. Em 2018, os organizadores mobilizaram recursos para iniciar um empreendimento local de reciclagem de vidro. O mesmo processo ocorreu com os resíduos orgânicos, que inicialmente foram compostados pela equipe do evento e posteriormente por uma empresa local.

Com determinação e esforço, o festival conseguiu desviar em média 95% dos resíduos do aterro sanitário, alcançando até 98,2% em alguns momentos, tornando-se assim o primeiro festival Lixo Zero do país. Além dos benefícios ambientais, o evento também gerou renda e criou novas oportunidades de negócios na região.

As práticas bem-sucedidas da escola e do festival serão discutidas no Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, em Brasília, onde gestores de negócios e governos locais se reunirão para compartilhar experiências e buscar soluções sustentáveis. Segundo o presidente do Instituto Lixo Zero, Rodrigo Sabatini, a intenção é que esses exemplos inspiradores incentivem mais iniciativas que contribuam para uma transformação cultural e social em direção a cidades mais limpas, resilientes e justas. Ele destaca que esse é essencialmente um acordo social, onde comunidades colaboram para o bem comum, promovendo uma economia mais sustentável, reduzindo desigualdades sociais e fomentando a inovação.

Fonte: Agência Brasil

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