O Banco Central confirmou nesta sexta-feira (3) que a regulamentação oficial do Pix parcelado será publicada na última semana de outubro de 2025. A medida marca uma nova fase no sistema de pagamentos instantâneos, que desde o lançamento em 2020 transformou a forma como brasileiros movimentam dinheiro no dia a dia. O objetivo é criar regras claras e padronizadas para o funcionamento do parcelamento, modalidade que já vinha sendo oferecida por algumas instituições privadas, mas sem uma estrutura unificada.
Além disso, o BC anunciou um reforço na segurança do sistema: a partir deste sábado (4), chaves Pix associadas a fraudes ou golpes poderão ser bloqueadas preventivamente, ampliando o controle e a proteção dos usuários.
Uma nova etapa para o Pix: crédito com liquidação imediata
O Pix parcelado vai permitir que consumidores façam compras e pagamentos em parcelas, enquanto o recebedor — como um lojista ou prestador de serviço — recebe o valor total de forma imediata. Na prática, é uma operação de crédito embutida no próprio Pix, em que o banco ou fintech do pagador assume o risco e financia a transação.
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Esse modelo aproxima o Pix do funcionamento de um cartão de crédito, mas com uma vantagem significativa: a liquidez instantânea para quem vende, sem depender de intermediários ou maquininhas, o que reduz custos operacionais e melhora o fluxo de caixa de pequenos empreendedores.
O que muda com a regulamentação
Com a nova regulamentação, o Banco Central pretende padronizar o produto em todo o mercado, garantindo previsibilidade e segurança tanto para consumidores quanto para as instituições financeiras. Segundo o BC, as regras terão foco em quatro pontos principais:
- Uniformizar a experiência do usuário, criando um modelo semelhante entre diferentes aplicativos e carteiras digitais.
- Definir parâmetros operacionais, como prazos de pagamento, taxas de juros, e condições contratuais.
- Reduzir riscos e conflitos com soluções privadas já existentes, permitindo que elas se adequem às novas normas.
- Aumentar a transparência nas informações apresentadas ao consumidor.
O detalhamento técnico, com as especificações operacionais e de interface, será divulgado no início de dezembro. As instituições terão um prazo de até três meses para se adequar antes do lançamento oficial, previsto para abril de 2026.
Soluções privadas continuarão existindo
Mesmo com a regulamentação pública, o Banco Central não pretende eliminar o espaço das soluções privadas. Fintechs e bancos digitais que já oferecem Pix parcelado — como Mercado Pago, PicPay, Inter, Nubank e Neon — poderão manter seus produtos, desde que respeitem os parâmetros oficiais.
Segundo o BC, a ideia é permitir inovação com segurança, evitando distorções entre modelos de crédito e garantindo que todos operem dentro das mesmas bases regulatórias.
Expansão do crédito e inclusão financeira
O principal objetivo da nova modalidade é ampliar o acesso ao crédito e incluir consumidores que hoje não têm cartão ou limite disponível. De acordo com estimativas do próprio Banco Central, cerca de 60 milhões de brasileiros não possuem cartão de crédito ativo.
Com o Pix parcelado, será possível parcelar compras de maior valor — como eletrodomésticos, móveis ou serviços — de forma rápida e com menos burocracia. A operação também tende a ter juros mais baixos do que os praticados no crédito rotativo, já que o risco será diluído entre as instituições financeiras e o sistema de pagamentos instantâneos.
Além disso, o modelo deve beneficiar o varejo, que poderá oferecer parcelamentos com menor custo de intermediação e maior taxa de aprovação, reduzindo recusas por falta de limite e eliminando a dependência de bandeiras de cartão.
Como deve funcionar na prática
Embora os detalhes técnicos ainda não tenham sido publicados, o funcionamento geral do Pix parcelado deve seguir um fluxo simples e transparente:
- O usuário seleciona a opção “Pix parcelado” no aplicativo do banco ou carteira digital.
- Escolhe o número de parcelas e visualiza o Custo Efetivo Total (CET) da operação.
- Autoriza a contratação com assinatura eletrônica ou autenticação no próprio app.
- O recebedor recebe o valor integral na hora, enquanto o pagador assume o compromisso das parcelas junto à instituição.
A operação será opcional e deverá deixar claros os valores de juros e encargos, reforçando a educação financeira e o direito à informação.
Segurança reforçada: combate às fraudes no Pix
Paralelamente, o Banco Central também anunciou o bloqueio preventivo de chaves Pix associadas a fraudes e golpes. A iniciativa usa o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que já permite congelar valores suspeitos, mas agora passará a inabilitar temporariamente as chaves usadas por criminosos.
Na prática, quando uma chave for identificada em transações fraudulentas, ela poderá ser suspensa até a conclusão da investigação. A medida busca:
- Impedir a reativação de contas usadas em esquemas de golpe;
- Aumentar a rastreabilidade das operações;
- Proteger consumidores de novas tentativas de fraude.
Para o Banco Central, a confiabilidade do sistema é essencial para manter a expansão do Pix, que já movimenta trilhões de reais por mês e deve ultrapassar 150 milhões de usuários ativos em 2025.
Cronograma oficial
O BC divulgou um calendário inicial para a implementação do Pix parcelado:
Etapa | Descrição | Previsão |
---|---|---|
Outubro/2025 | Publicação da regulamentação oficial | Última semana |
Dezembro/2025 | Divulgação dos parâmetros operacionais e padrões de interface | Primeira quinzena |
Jan-Mar/2026 | Adequação dos bancos e fintechs às novas regras | 60 a 90 dias |
Abril/2026 | Início oficial do Pix parcelado regulado | Segundo trimestre |
Impactos no mercado financeiro
Especialistas apontam que o Pix parcelado deve intensificar a concorrência entre bancos tradicionais, fintechs e bandeiras de cartão de crédito. Com taxas mais competitivas e liquidação imediata, o modelo tem potencial para reduzir custos e pressionar o setor de adquirência.
Analistas também esperam que o movimento estimule novas ofertas de crédito pessoal, com instituições adaptando seus produtos para se manterem competitivas. Empresas de análise de crédito, como Serasa, Boa Vista e Quod, devem desempenhar papel estratégico na gestão de risco dessas operações, especialmente na avaliação de capacidade de pagamento e histórico dos usuários.
O Banco Central aposta que o Pix parcelado regulado será um divisor de águas para o sistema financeiro, unindo inovação, inclusão e segurança. Se bem implementado, o modelo poderá consolidar o Pix como principal meio de pagamento digital do país, ampliando o acesso ao crédito e fortalecendo a economia de forma sustentável.
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