‘Diaba Loira’: sucessão, mãe executada e milhares de seguidores

A rapidez com que integrantes de facções criminosas são substituídos após a morte mostra como essas organizações funcionam de forma estruturada, quase como um sistema que não permite lacunas no comando. Esse padrão se repete no caso de Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira”, morta em 15 de agosto durante um confronto armado entre o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro.

Pouco depois da execução, uma postagem atribuída a um homem que afirma ser irmão de Eweline deixou claro que a disputa não deve arrefecer. “Sou irmão dela e vou dar continuidade a tudo dela”, escreveu ele, em uma rede social. O autor da publicação já havia compartilhado imagens ostentando fuzis, repetindo o mesmo padrão de exposição usado por “Diaba Loira” — que se consolidou como uma figura midiática do crime ao exibir armas de guerra, desafiando rivais e autoridades policiais.

De vítima a protagonista do crime

A trajetória de Eweline foi marcada pela violência. Em um vídeo divulgado semanas antes de sua morte, ela relatou que sua mãe havia sido executada pelo Comando Vermelho, facção da qual ela mesma já havia feito parte. “Covardia que o Comando Vermelho fez com a minha mãe. A guerra é entre a gente e não é entre família. Vocês mataram a minha mamãe, a única pessoa que eu tinha”, disse, em tom de denúncia e desafio.

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Após romper com o CV e migrar para o TCP, Eweline passou a ser jurada de morte. A ordem, segundo investigações, teria partido de lideranças do Morro São Simão, na Baixada Fluminense. Ao se tornar inimiga declarada da facção, sua presença nas redes sociais e sua postura de confronto ampliaram ainda mais a exposição e, consequentemente, os riscos que corria.

A influência digital e o poder da imagem

Com mais de 71 mil seguidores em um dos perfis que mantinha, “Diaba Loira” explorava o poder das redes sociais como vitrine de sua vida no crime. Seus vídeos e fotos, sempre acompanhados de armas pesadas e discursos de afronta, a transformaram em uma figura de impacto, sobretudo entre jovens atraídos pelo universo das facções.

Esse protagonismo digital não se encerrou com a morte. Desde o dia 15, o perfil continua sendo atualizado por um homem que afirma ser seu irmão. Ele mantém a rotina de postagens, reforçando a narrativa de continuidade da trajetória criminosa da jovem, agora como um símbolo a ser preservado dentro do TCP.

A lógica da substituição

Casos como o de Eweline revelam a lógica das facções criminosas, que não se sustentam apenas pela violência, mas também pelo poder simbólico e pela capacidade de mobilização. A substituição quase imediata de seus integrantes — seja em funções operacionais, seja no papel de figuras de visibilidade — evidencia a engrenagem estruturada dessas organizações.

A morte de “Diaba Loira” não interrompeu o ciclo da guerra entre TCP e CV. Pelo contrário, reforçou a lógica de sucessão e continuidade que mantém a disputa armada e territorial ativa no Rio de Janeiro, onde histórias individuais, como a dela, acabam se transformando em peças de um conflito muito maior.

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