De Pitbull a Diaba Loira: entenda como traficante executada após trocar de facção chegou ao Rio foragida de Santa Catarina

A execução de Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira”, expôs novamente a engrenagem das facções criminosas que atuam no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Foragida da Justiça catarinense e integrante do tráfico carioca, ela foi morta na última quinta-feira (15) em Cascadura, Zona Norte do Rio, após romper com o Comando Vermelho (CV) e se aliar ao Terceiro Comando Puro (TCP).

Do interior catarinense ao tráfico

Natural de Tubarão (SC), Eweline iniciou sua trajetória no crime em 2022, quando já era investigada por tráfico de drogas e associação criminosa. Chegou a ser presa em duas ocasiões: em maio de 2023, em flagrante por tráfico, e em janeiro de 2024, por porte ilegal de arma de fogo. À época, segundo a Polícia Científica, ela portava uma pistola calibre .380 e 20 cartuchos.

Mesmo com antecedentes, a Justiça concedeu a Eweline o direito de responder em liberdade, monitorada por tornozeleira eletrônica. O benefício, no entanto, não durou: após romper duas vezes o monitoramento, tornou-se foragida e fugiu para o Rio de Janeiro.

Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: 👉 Quero Participar 🔔

A ascensão nas favelas cariocas

No Rio, Eweline se refugiou inicialmente em redutos do CV, como o Complexo do Alemão e a Gardênia Azul. Foi nesse período que ganhou notoriedade nas redes sociais, onde passou a ostentar fuzis, desafiar rivais e adotar o apelido “Diaba Loira”. Antes disso, era conhecida como “Pitbull”.

Com mais de 70 mil seguidores, Eweline se consolidou como uma espécie de vitrine da criminalidade digital, exibindo armas de guerra e se posicionando como integrante ativa da facção. Em junho deste ano, chegou a ser flagrada em vídeos atirando contra policiais durante uma operação.

Um passado fora do crime

Antes de mergulhar na criminalidade, Eweline levava uma vida comum. Casada e mãe de dois filhos, trabalhou como cobradora interna, alfaiate e revendedora de cosméticos, com salários modestos. Também possuía, em seu nome, uma pequena empresa de promoção de vendas em Tubarão.

Em 2022, contudo, sua vida tomou outro rumo. Naquele ano, foi vítima de uma tentativa de feminicídio, quando o ex-companheiro a esfaqueou no pulmão em Capivari de Baixo (SC). O episódio marcou o início de seu envolvimento mais intenso com facções, segundo investigadores.

Do CV para o TCP: a ruptura que selou seu destino

A partir de 2024, Eweline passou a publicar vídeos anunciando sua migração para o TCP. Em tom desafiador, dizia não temer represálias do CV e criticava a facção pela forma como conduzia disputas. Em julho, chegou a publicar um vídeo alegando, de forma falsa, que sua mãe havia sido assassinada por rivais.

Em suas redes, também exibiu uma tatuagem nas costas, com símbolos explícitos do TCP: uma mulher armada, o número três (referência à facção) e imagens de um coelho e um jacaré, associados à “Tropa do Coelhão”, braço do TCP no Complexo da Serrinha, em Madureira.

Mandados em aberto e execução

Contra Eweline pesavam ao menos três mandados de prisão, incluindo condenações definitivas em Santa Catarina por tráfico e organização criminosa, com pena restante de mais de cinco anos em regime fechado.

Na madrugada de quinta-feira (15), a trajetória da “Diaba Loira” chegou ao fim. Após confronto entre CV e TCP nas comunidades do Fubá e Campinho, seu corpo foi encontrado em Cascadura, enrolado em um lençol, com marcas de tiros na cabeça e no tórax.

Um retrato da engrenagem do crime

O caso de Eweline Passos é ilustrativo de como histórias individuais se entrelaçam ao poder das facções, transformando vidas comuns em símbolos de violência e ostentação digital. De trabalhadora com filhos pequenos a foragida tatuada com insígnias de facções, sua trajetória mostra como o tráfico se aproveita de vulnerabilidades pessoais e se expande além das fronteiras de cada estado.

Compartilhe

📱 Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias em tempo real:

Grupo do WhatsApp

📸 Não perca nenhuma atualização! Siga-nos no Instagram:

Coruja News no Instagram