Tesouro raro de R$ 3 milhões é achado em baleia morta

Cientistas espanhóis fizeram uma descoberta surpreendente em La Palma, uma das ilhas do arquipélago das Canárias, que chamou atenção não apenas da comunidade científica, mas também da poderosa indústria internacional de perfumes. Dentro do corpo de uma baleia cachalote encontrada morta na praia, foi identificada uma pedra de âmbar-gris — uma substância raríssima, avaliada em cerca de 500 mil euros, o equivalente a mais de R$ 3 milhões.

A análise foi conduzida pelo patologista Antonio Fernández Rodríguez, que liderou a necropsia do animal sob condições climáticas adversas e mar agitado. Segundo ele, o âmbar encontrado pode ter sido o próprio fator que levou à morte da baleia. O nódulo, com cerca de 60 centímetros de diâmetro e pesando mais de 9 quilos, perfurou o intestino da cachalote, provocando complicações fatais.

O que é o âmbar-gris, e por que ele vale tanto?

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Chamado de “ouro flutuante” ou “tesouro dos oceanos”, o âmbar-gris é uma substância formada no sistema digestivo de algumas baleias cachalotes a partir de materiais indigeríveis, como bicos de lulas. Com o tempo, esses resíduos são transformados em uma massa sólida e cerosa que, em condições normais, é expelida e acaba boiando nos oceanos.

Raro e cobiçado, o âmbar é amplamente valorizado na perfumaria de alto padrão devido à sua capacidade única de fixar fragrâncias e prolongar sua durabilidade. Seu aroma característico — suave, amadeirado e levemente adocicado — é especialmente apreciado por grandes casas de perfume na Europa e no Oriente Médio.

Da tragédia ao luxo

Neste caso específico, a pedra de âmbar cresceu tanto que não pôde ser expelida, causando uma perfuração fatal no intestino da baleia. O diagnóstico foi confirmado por Rodríguez, que dirige o Instituto de Bem-Estar Animal e Segurança Alimentar da Universidade de Las Palmas. Ele já suspeitava que a causa da morte estivesse relacionada a problemas digestivos, hipótese confirmada durante a autópsia.

O âmbar na história e na literatura

Embora seu uso atual esteja restrito, o âmbar já teve papel de destaque em outros períodos históricos. No século XIX, durante o auge da caça às baleias, a substância era considerada um ingrediente essencial na produção de perfumes de luxo. A fama do âmbar foi inclusive registrada na literatura: no clássico Moby Dick, Herman Melville descreve o material como “ceroso, perfumado e de valor raro”. Em tom irônico, o autor comenta como a elite se perfumava com algo originado “das entranhas inglórias de uma baleia doente”.

Comércio restrito e demanda ativa

Por se tratar de um subproduto de uma espécie protegida, o comércio de âmbar é fortemente controlado em diversas partes do mundo. Países como Estados Unidos, Austrália e Índia proíbem sua comercialização, como forma de desestimular práticas ligadas à caça predatória de baleias. Ainda assim, no mercado paralelo e em países onde o uso é permitido sob determinadas condições, a demanda pela substância permanece elevada.

Atualmente, a pedra encontrada está sob custódia das autoridades espanholas. Especialistas apontam que ela poderá ser destinada a centros de pesquisa ou mesmo leiloada, sendo adquirida por alguma casa de fragrância de renome. Seja qual for seu destino, o episódio levanta debates sobre preservação marinha, exploração comercial e os limites éticos do uso de recursos naturais tão raros quanto valiosos.

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