Facção ataca unidade da PM e aterroriza moradores de paraíso turístico na Bahia

A cidade de Camamu, no baixo sul da Bahia, vive dias de tensão e medo diante da escalada da violência promovida por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Fundado em 1560 e elevado à categoria de município em 1891, o município é historicamente conhecido por sua importância cultural e pela proximidade com destinos turísticos como Taipu de Fora e Barra Grande. No entanto, desde o final de junho, a rotina pacata de moradores foi substituída por tiroteios, intimidação armada e suspensão de serviços públicos.

Relatos e imagens obtidos pela reportagem mostram cenas de homens armados circulando livremente pelas ruas durante a madrugada, disparando aleatoriamente em direção a residências, em ações claramente voltadas para o terror e o domínio territorial. Um dos episódios mais graves aconteceu no sábado (12), quando criminosos atiraram contra o 33º Pelotão da Polícia Militar da Bahia. O ataque, próximo à sede da PM, acentuou a sensação de vulnerabilidade da população.

“Eles atiraram perto da base da polícia, e muitos disseram que até o pelotão foi alvo direto. A verdade é que atiram para todos os lados, não se escondem mais. Está fora de controle. Ninguém se sente seguro”, relatou um morador, que pediu anonimato por medo de represálias.

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Em outra gravação feita na madrugada do dia 28 de junho, dois homens, um deles portando arma longa e outro com uma pistola, aparecem disparando pelas ruas sem qualquer resistência aparente. A sequência de ataques levou ao fechamento de escolas e provocou uma espécie de confinamento informal. “Parece um lockdown. A cidade parou. As pessoas não saem de casa, o comércio está vazio, e as escolas fecharam. Só agora, com helicóptero e polícia reforçada, é que algo começou a mudar. Mas a situação já estava insustentável”, contou uma moradora.

A Prefeitura de Camamu confirmou a suspensão das aulas por tempo indeterminado, alegando necessidade de proteger alunos, professores e toda a comunidade escolar diante do cenário de insegurança. A medida foi divulgada em nota oficial publicada nas redes sociais do município.

Apesar dos apelos da população, a Polícia Militar ainda não forneceu detalhes sobre o efetivo mobilizado para a cidade. Em nota, a corporação informou que, na noite de domingo (13), recebeu uma denúncia de homens armados na localidade conhecida como Dendê. Durante a operação, os policiais teriam sido recebidos a tiros. No revide, um suspeito foi baleado e, mesmo socorrido, não resistiu. Com ele foram encontrados um revólver calibre .38 e munições.

A situação em Camamu ilustra com clareza a crescente ousadia de facções criminosas que, em diversas partes da Bahia, desafiam abertamente o poder público, inclusive com ações contra bases da polícia. O impacto direto recai sobre a população: vidas interrompidas, escolas vazias, economia local paralisada e o medo se impondo sobre a paisagem de uma cidade que, por séculos, foi sinônimo de história, cultura e turismo.

Especialistas em segurança apontam que a presença de facções como o CV no interior do estado está diretamente ligada ao processo de interiorização do crime organizado, aliado à disputa por rotas estratégicas de tráfico e à ausência de políticas públicas consistentes de enfrentamento da violência aliadas ao desenvolvimento social.

Enquanto isso, os moradores de Camamu seguem em alerta — à espera de respostas concretas e de uma retomada da normalidade.

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