Um episódio de violência envolvendo adultos e crianças dentro de uma escola particular do Distrito Federal escancarou, mais uma vez, a falta de preparo de algumas instituições para lidar com situações delicadas do cotidiano escolar, como o bullying. O caso ocorreu no domingo (15), durante uma apresentação de festa junina no Colégio Liceu, e chocou a comunidade escolar.
Enquanto crianças de 3 e 4 anos dançavam vestidas a caráter, um homem – identificado como Douglas Parisio, pai de um dos alunos – invadiu o espaço reservado à apresentação, apontou o dedo para uma das crianças e a derrubou no chão. Mesmo após a agressão, o adulto ainda ofendeu verbalmente o menino. Tudo foi registrado em vídeo por pais que acompanhavam a festa. A cena provocou revolta imediata e mobilizou professores e pais que intervieram para conter o agressor e proteger os alunos.
A Polícia Militar foi acionada e conduziu o homem à delegacia. Segundo a Polícia Civil, Douglas resistiu à prisão e chegou a agredir um dos agentes com um tapa no rosto. Apesar disso, foi liberado após assinar um termo circunstanciado, documento usado em casos de menor potencial ofensivo.
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Homem que agride criança de 4 anos em festa junina no DF pic.twitter.com/vDrWELYHtV
— Portal PS Notícias (@psnoticias1) June 16, 2025
“Meu filho sofre bullying há meses”, diz pai agressor
Por meio de nota oficial, a defesa de Douglas alegou que ele agiu em estado de “forte emoção”, ao presenciar o que teria sido mais um episódio de agressão contra seu filho dentro da escola. De acordo com a advogada, o menino estaria sendo alvo de bullying e agressões físicas desde o início do ano letivo, sem que a direção da instituição tomasse providências.
Segundo a versão do pai, naquele momento específico da festa junina, ele teria visto uma criança colocar o dedo no olho de seu filho, o que teria motivado a reação descontrolada. “Errou. Ele não nega a falha na forma como reagiu, tampouco deseja se esquivar de suas responsabilidades”, disse a defesa em nota, ressaltando que o agressor está arrependido e envergonhado.
Colégio Liceu rompe vínculo com a família do agressor
Em resposta pública, o Colégio Liceu repudiou o episódio de violência e anunciou que a família envolvida não fará mais parte da comunidade escolar. A escola também informou que está reforçando a segurança no setor da Educação Infantil para garantir um ambiente mais seguro. “O que aconteceu é inaceitável, inadmissível e absolutamente contrário a todos os valores que defendemos”, diz um trecho da nota oficial divulgada pela instituição.
Apesar da gravidade do ocorrido, a escola optou por não comentar a acusação de bullying apresentada pelo pai agressor. A ausência de resposta direta a essa acusação levanta questionamentos sobre como as escolas devem lidar com relatos de violência entre crianças, especialmente quando se tornam recorrentes e não há mediação eficaz.
Bullying infantil: um problema que não pode ser ignorado
Casos como esse expõem a urgência de repensar o papel das escolas na mediação de conflitos e na prevenção do bullying. Embora a reação de Douglas Parisio tenha sido completamente inadequada e injustificável – especialmente por envolver uma criança de apenas 4 anos –, o episódio acende um alerta sobre os riscos de negligenciar sinais de violência silenciosa dentro do ambiente escolar.
Pais, professores e gestores precisam estar atentos aos comportamentos das crianças, ouvir relatos com seriedade e intervir de maneira pedagógica e eficaz, antes que situações como essa se agravem. O caminho do diálogo, da escuta ativa e da educação emocional é fundamental para construir ambientes escolares realmente seguros.
Conclusão: justiça e responsabilidade para além do episódio
O caso agora está nas mãos das autoridades. Enquanto Douglas Parisio responde judicialmente pelo ato cometido, espera-se que a escola reveja seus protocolos internos de segurança e acolhimento, principalmente diante de relatos de bullying.
Mais do que buscar culpados, é preciso promover uma reflexão profunda sobre como proteger crianças de toda forma de violência – seja ela física, verbal ou emocional – e garantir que o espaço escolar cumpra sua missão primordial: formar cidadãos em um ambiente de respeito, empatia e cuidado mútuo.
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